Marcelo Pereira
Cadência 5 1
Atualizado: 17 de jun. de 2020
Olá pessoal. Hoje iniciaremos um estudo muito importante de harmonia, o estudo das cadências.

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Quando uma música é construída com o mesmo acorde se repetindo por vários compassos, costumamos chamar isso de "Harmonia Estática". Às vezes isso é interessante, mas às vezes, sentimos a necessidade de trazer um certo "movimento" para a música. Essa sensação de "movimento" pode ser feita de 3 maneiras.
1 - Através do ritmo ou convenções rítmicas
2 - Através da dinâmica, (controlando a intensidade do volume em momentos específicos)
3 - Através da harmonia.
Para criar movimento na música através da harmonia, usaremos o estudo da harmonia funcional e suas cadências.
Harmonia funcional.
Como o próprio nome já diz, será o estudo das funções dos acordes. Isso já nos sugere que os acordes não são agrupados ao acaso, cada um deles possui uma "função". Essa "função" está relacionada à sensação, à emoção que este acorde transmite ao ouvinte. A seguir estudaremos somente duas delas, a função Tônica e a função Dominante. (A função sub-dominante fará parte de um outro post).

Função Tônica
É uma função de repouso, passa a sensação de estabilidade. Usando como exemplo um campo harmônico maior, a função Tônica e característica do primeiro acorde do campo harmônico. Muitas músicas começam com o primeiro acorde do campo harmônico e terminam nele também.
Função Dominante
É uma função de tensão, passa uma sensação de instabilidade que "precisa" ser resolvida. (Na verdade não precisa, muitas músicas trabalham com dominantes sem resolvê-los, o compositor usará os acordes para passar a sensação que ele quer). Essa resolução se dá voltando para o acorde de função tônica, que volta a passar a sensação de estabilidade.
Trítono
Trítono é o intervalo formado por 3 (três) tons inteiros. Fá (F) até Si (B) por exemplo.
Este intervalo é o responsável pela sensação de tensão que nós sentimos ao escutar o acorde de G7 por exemplo. Em G7, a terça é o Si (B) e a sétima é o Fá (F). Temos assim um trítono dentro do acorde. Para "resolvê-lo", caminhamos para o acorde de C7M. Onde antes havia a nota Si (B) em G7, agora temos um Dó (C) que é a tônica de C e onde antes havia um Fá (F), agora temos um Mi (E), que é a terça de C. Essa movimentação é a responsável pelas sensações de tensão e repouso, que resultarão no movimento que procuramos dar a música através da harmonia.

Acordes preparatórios
Sendo assim, dentro do campo harmônico de C (dó maior), encaramos o acorde dominante G7, como a preparação da tônica que é o C7M.
Os acordes preparatórios formados pelos dominantes se dividem em 2 tipos:
Dominante primário
Dominante secundário
Dominante Primário
O dominante primário é o acorde dominante que já se encontra dentro do campo harmônico, como G7 no campo harmônico de C. Outra maneira mais fácil é simplesmente pensar que o "dominante primário prepara o primeiro".
Dominante Secundário
São os dominantes que preparam os demais graus de um campo harmônico. Estes dominantes precisam ser calculados. O cálculo funciona assim:
Qual é o acorde dominante que "prepara" Dm7?
- Calcule a quinta justa de D.
- A quinta justa de D é A.
- Logo o acorde dominante de Dm7 será A7.
Esse mesmo cálculo funcionará para todos os demais acordes do Campo Harmônico Maior, exceto o sétimo grau. que por ser formado por um acorde meio-diminuto - em C maior teremos Bm7(b5) - ele é considerado "instável" e não é usado como resolução, logo ele não tem acorde preparatório.

Exercícios - clique aqui
Quadro comparativo extraído do livro "Teoria da Harmonia na Música Popular" - Sérgio Freitas

Repertório de exemplos do uso de DOMINANTES (PRIMÁRIO E SECUNDÁRIO)
Sampa – (Caetano Veloso) London, London – (Caetano Veloso) Como dois e dois – (Caetano Veloso) Maracangalha – (Dorival Caymmi) Vai trabalhar, vagabundo – (Chico Buarque) Disparada – (Geraldo Vandré/Théo de Barros) Acontece que eu sou baiano – (Dorival Caymmi) Feitiço da Vila – (Noel Rosa/Vadico) Que nem jiló – (Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira)