top of page
  • Foto do escritorMarcelo Pereira

Mulheres no Contrabaixo - parte 1

Atualizado: 17 de jun. de 2020


Contrabaixo é um instrumento masculino? Bobagem! As mulheres fizeram e fazem parte da história deste instrumento com muito talento, criatividade, sucesso, carisma, virtuosismo, etc... E isso em todos os estilos, rock, pop, jazz, funk, punk, fusion, mpb... o que vier! Conheça um pouco de alguns dos grandes nomes femininos do contrabaixo, são tantas que não cabe em único post, acompanhe comigo a parte 1. E como diz o ditado: "Women do it better!"

Amanda Ruzza - Baixista brasileira radicada nos EUA. Amanda tem dois bacharelados da universidade americana The New School, localizada em Nova Iorque: Contrabaixo de Jazz e Literatura e Musicologia. Artista virtuose que transita por vários estilos, mistura MPB, funk, rock, jazz e ritmos latino americanos. Essa versatilidade a fez tocar com artistas de estilos muito variados como Amy Lee (cantora da banda Evanescence), a cantora e compositora Jill Sobule, o guitarrista de blues africano Leni Stern, Eco-Music (big band de avant garde do saxofonista Fred Ho), o cellista Dave Eggar, Bebel Gilberto, entre outros. Tem o seu próprio grupo de trabalho autoral, o Amanda Ruzza Group. Também tocou com a Mustang Sally (banda feminina de country e rock proveniente da cidade de Nashville, Tennesse). Em 2012 lançou o seu primeiro disco solo "This Is What Happened".

Videos de Amanda Ruzza.

Site oficial.

Carol Kaye - Talvez a baixista mais emblemática na história do pop/rock.

Trabalhou durante muitos anos em gravações profissionais em estúdio (estima-se em torno de 10 mil gravações!), porém numa época em que nem sempre os músicos vinham creditados na contracapa dos discos. Carol é considerada uma pioneira em uma indústria, na época quase só masculina, não só por ser mulher, mas também, pela sonoridade e pelas linhas de baixo que ela criou com o seu Fender Jazz Bass tocado com palheta. Grandes clássicos da história do rock têm a sua assinatura no baixo e eventualmente na guitarra, músicas como "Good Vibrations" (e todo o baixo do Pet Sounds, o famoso álbum dos Beach Boys), "Unchained Melody" e "You Lost that Love Felling" (Righteous Brothers), "I Got You Baby" (Sonny & Cher), La Bamba" (Ritchie Valens), além de inúmeras trilhas para séries de TV que ficaram famosas, entre elas "Missão Impossível", "Mash", "Família Adams", "Bonanza", "Batman", etc. Trabalhou na orquestra de Phil Spector, foi integrante da banda de estúdio The Wrecking Crew (que ganhou um belo documentário em 2008). Carol gravou várias músicas de artistas como Simon & Garfunkel, Joe Cocker, The Doors, Isley Brothers, Paul Anka, Sarah Vaughan, Chet Baker, Joe Pass, The Monkees, Ray Charles, Nancy Sinatra, Barbra Streisand, Neil Young e muitos outros.

Carol escreveu sua autobiografia e também diversos livros didáticos de contrabaixo variando entre jazz, solos e partituras com as linhas originais dos clássicos que ela gravou.

Entrevista de Carol Kaye - Session Legend Interview.

Site oficial.

D'arcy Wretzky - É a baixista fundadora da banda Smashing Pumpkins, uma das principais representantes do que ficou conhecido como rock alternativo nos anos 1990, onde tocou de 1988 até 1999. Quando ainda criança, tocou violino e oboé e se considera uma autodidata no contrabaixo. Durante sua carreira tocou geralmente com baixos Fender Jazz e Fender Precision com palhetas. Com o Smashing Pumpkins ela gravou os baixos, backing vocais e eventuais vocais principais (como na bela "Daydream") nos álbuns "Gish" (1991), "Siamese Dream" (1993), "Melon Collie and the Infinite Sadness" (1995), "Adore" (1998) e "Machina/The Machines of God" (2000).

Smashing Pumpkins Live at The Metro (1993)

Esperanza Spalding - Contrabaixista e cantora de jazz norte-americana. Aos 5 anos já tocava violino. Autodidata, aprendeu durante a infância vários instrumentos, entre eles a guitarra e o contrabaixo. Foi criada somente pela sua mãe e irmãos em um bairro, na época, com uma alta taxa de violência (Portland, Oregon), sua mãe sempre apoiou seu interesse pela música. Sua proficiência lhe rendeu uma bolsa de estudos na Portland State University e mais tarde na Berklee College of Music onde mais tarde começou a lecionar, sendo a mais jovem professora da instituição. Certa altura da vida, devido a um a série de desafios, chegou a pensar em parar com a música e se dedicar ao estudo de Ciências Políticas, foi desencorajada por ninguém menos que o guitarrista Pat Metheny: “você tem o fator-X” ele disse. Esperanza toca com a mesma facilidade o baixo elétrico e o acústico e, é uma cantora talentosa dona de carisma e virtuosismo (no baixo e na voz!) muito raros. Esperanza canta em inglês, espanhol e português. Em 2009 tocou na cerimônia da entrega do Prêmio Nobel ao então presidente Barak Obama, tendo sido escolhida pessoalmente por ele para a performance. Em 2011, ela ganhou o prêmio Grammy, incluindo o Grammy Award for Best New Artist, fazendo história como primeira artista de jazz a ganhar o prêmio; no mesmo ano, esteve no Brasil no Rock in Rio, seu show no palco Sunset contou com a participação especial de Milton Nascimento e no repertório, diversos clássicos da música brasileira. Esperanza apareceu como artista convidada em trabalhos de vários artistas como Mike Stern, Stanley Clark e Jack DeJohnette entre outros e já conta com 7 álbuns solos lançados! “Junjo” (2006), “Esperanza” (2008), “Chamber Music Society” (2010), “Radio Music Society” (2012), “Emily’s D+Evolution” (2016), “Exposure” (2017), “12 Little Spells” (2018).

Site oficial

Gail Ann Dorsey - A norte-americana Gail Ann Dorsey, é bastante conhecida por sua longa colaboração na banda de David Bowie (de 1995 até a morte dele em 2016), onde além de baixista tinha destaque nos backing vocais e às vezes dividia os vocais principais durante os shows. Destaca-se também entre os seus trabalhos, gravações e turnês mundiais com nomes de peso do pop/rock internacional como Tears for Fears, Lenny Kravitz, Boy George, Bryan Ferry, Seal, Gang of Four, Charlie Watts, Joan Osborne, B 52s e muitos outros. Seu estilo é geralmente descrito como rock, funk, country e influências pop. Lançou três álbuns solo onde atua também como cantora: "The Corporate World" (1988), "Rude Blue" (1992) e "I Used to Be" (2004)

Vídeos

Página oficial

Gê Cortes – Nascida em uma família de músicos, estudou música desde a infância ganhando o primeiro baixo elétrico aos 14 anos. Em 1978 começou a estudar baixo acústico no CLAM, escola do Zimbo Trio, com Luis Chaves, em 1980 já estava lecionando na mesma escola. Em 1982 participa da formação do grupo Kali (banda instrumental feminina), lançando o primeiro disco “Kali” em 1986. Com este grupo se apresentou ao lado de diversos artistas como: Eliete Negreiros, Boccato e o cantor Ritchie. Em 1989 volta a tocar o baixo acústico e entra para Orquestra Jazz Sinfônica onde tocou com: Tom Jobim, Milton Nascimento, Edu Lobo, Ivan Lins, Egberto Gismonti, Hermeto Pascoal, Lenine, João Bosco, Arrigo Barnabé e muitos, muitos outros. Foi integrante, da banda Altas Horas, do programa apresentado por Serginho Groisman na Rede Globo. Em 2005 funda o “5 cordas”, quinteto de cordas de formação tradicional mas, especializado em música popular de vários estilos. Em 2013 entra para o Vera Figueiredo Trio. Se formou em contrabaixo no Instituto de Artes da UNESP em 2015. Em 2016 entra para a Jazzmin's, uma big band feminina com repertório voltado à música popular. Gê Cortes está sempre tocando com diversos artistas, alternando entre o baixo elétrico e o acústico.

Jazzmin's no Sesc Instrumental

Documentário Jazz Sinfônica

Site oficial

Kim Deal – Baixista, cantora e compositora. Conhecida mundialmente por participar da fundação da banda norte-americana Pixies, que é tida por muitos como a criadora do que veio a ser conhecido como rock alternativo na década de 1990. A banda sempre foi citada por Kurt Cobain como uma das principais influências do Nirvana e sobre Kim, Kurt disse certa vez: “Eu gostaria que tivesse sido permitido a Kim ter escrito mais músicas para o Pixies”. Muito prestigiada pela crítica especializada da época, a banda, curiosamente, fez mais sucesso na Europa do que na sua terra natal. Com o Pixies, Kim participou de 5 álbuns, com linhas de baixo marcantes por serem simples mas de extremo bom gosto, onde em vários arranjos ganhavam bastante destaque: “Come on Pilgrim” (1987), “Surfer Rosa” (1988), “Doolitle” (1989), “Bossanova” (1990) e “Trompe le Monde” (1991). Ainda em 1990, Kim monta um projeto paralelo com sua irmã gêmea Kelley Deal chamado The Breeders com uma sonoridade hoje classificada como rock alternativo, noise pop, etc., e lançam o primeiro trabalho delas “Pod”. Com a sua saída do Pixies, Kim se dedica mais ao The Breeders e, em 1993, lançam o álbum “Last Splash”, alcançando sucesso de crítica e um grande sucesso comercial com a faixa “Cannonball” com um clipe muito tocado na MTV. Com The Breeders, alternando ora no baixo ou na guitarra, mas sempre nos vocais, Kim ainda lançou os álbuns “Title Tk” (2002), “Mountain Battles” (2008) e “Fate to Fatal”. Em 2018 elas votam com força total com o álbum “All Nerve”. Kim continua trabalhado e produzindo e lançou alguns EPs solos que valem a pena conferir.

Site Oficial

Kim Gordon – Baixista, cantora, compositora, artista visual e atriz. No baixo, backing vocais e eventuais vocais principais, participou da formação da banda Sonic Youth, considerada como uma das bandas mais influentes da cena do rock underground norte-americano entre as décadas de 1980 e 1990. Sempre com boas críticas da imprensa especializada, o Sonic Youth fez fama com um rock experimental, cheio de feedback, com letras inteligentes e sarcásticas, sempre com mais sucesso de crítica do que de público, mas mesmo assim com fãs fiéis, o que costumou-se chamar de banda cult. Kim Gordon e sua contribuição no Sonic Youth começaram num estilo pós-punk, no-wave e foram evoluindo até chegar a um estilo próprio que é considerado por críticos e estudiosos, como influência chave para o desenvolvimento do grunge, do rock alternativo e o movimento Riot grrrl (movimento punk feminista underground). Com o Sonic Youth Kim gravou 16 álbuns de estúdio! Com destaques para “Daydream Nation” (1988), “Goo” (1990), “Dirty” (1992) e “Washing Maschine” (1995); também foram protagonistas do documentário, “1991: The Year Punk Broke” que retrata a época do início do rock alternativo americano da década de 1990, ao lado das bandas Nirvana, Babes in Toyland, Dinosaur Jr., Hole e outras. Seu trabalho como atriz, lhe rendeu aparições em filmes como “Last Days” (do diretor Gus Van Sant), “I’m Not There” (inspirado na vida de Bob Dylan) e na série Gossip Girls, entre outros. Kim também montou e tocou nas bandas: Free Kiten, Body/Heat e Gliterbust. Em 2015 lançou uma autobiografia “Girl in a Band: A Memoir” que recebeu críticas muito favoráveis. Kim nunca estudou música formalmente mas é formada em artes plásticas e em maio deste ano (2019), fará primeira exibição de trabalhos de artes plásticas: “Kim Gordon: Lo-Fi Glamour” que reunirá pinturas, esculturas e uma série de desenhos, no museu Andy Warhol em Pittsburg, EUA.

Site oficial do Sonic Youth

Nik West - Baixista, cantora e compositora. Seus trabalhos incluem Quincy Jones Production, Prince, Glee, American Idol, Dave Stewart do Eurythmics entre outros. Além de ser uma cantora incrivelmente expressiva, seu estilo de tocar parece ter sido inspirado pela oldschool do slap bass funkeiro como Larry Graham, Louis Johnson (do Brothers Johnson) e Marcus Miller. Em 2015 lança o álbum "Just in the Nik of Time", seguido pelo EP de "Say Somethin" (2016) e o single "Purple Unicorn" (2017), com linhas funky recheadas de efeitos no melhor estilo Bootsy Collins.

Site oficial

Sara Lee - Na escola, chegou a tocar tímpano e baixo acústico, já na adolescência descobre o baixo elétrico. Gravou o álbum "The League of Gentlemen" (1981), projeto do guitarrista Robert Fripp (ex-King Crimson) classificado por ele mesmo como "new wave instrumental dance band". Mais tarde, ela entra para a cultuada banda inglesa de pós-punk, o Gang of Four, onde grava os álbuns "Songs of the Free" (1982) e "Hard" (1983), onde desenvolveu um estilo com linhas quase minimalistas de slap bass, bem características dos anos 1980, que influenciou vários baixistas da época. Em 1989 grava o álbum "Cosmic Thing" da banda B 52's e pode ser vista tocando no vídeo da música "Love Shack", vale pena conferir também a bela linha de baixo da faixa "Roam". Em 2000 decide arriscar nos vocais e lança seu primeiro trabalho solo, o belo cd "Make it Beautiful".

Fanpage

Tal Wilkenfeld - A australiana Tal Wilkenfeld é baixista, cantora, compositora e guitarrista. Começou a tocar aos 14 anos, depois foi morar nos EUA e se graduou na Los Angeles Music Academy College of Music. Em 2007 lança seu primeiro álbum solo de estúdio “Transformation”, com influências de jazz fusion. A partir do mesmo ano ela começou a acompanhar vários artistas como Jeff Beck, Prince, Eric Clapton, Herbie Hancock e Mick Jagger, entre outros. Em 2013 ela recebeu um prêmio da Bass Player Magazine. Lançou 3 singles onde assume os vocais também: “Corner Paints” (2016), “Under the Sun” (2018) e você já pode fazer a pré-encomenda do seu novo álbum “Killing Me” (2019), diretamente no seu site oficial.

Site oficial

Tina Weimouth - Tina é instrumentista, compositora e produtora. Ao lado do baterista Chris Frantz e do guitarrista e vocalista David Byrne, fundam o Talking Heads em 1975, em Nova Iorque, banda que se tornaria uma das mais importantes e influentes na história do rock. No início a banda fez apresentações no lendário CBGB e era situada entre os movimentos punk e new wave, mais tarde a banda ganha notoriedade em fundir o rock e a new wave com a world music. Tina e Chris montam um projeto paralelo que viria a se tornar muito conhecido na década de 1980, o Tom Tom Club. Co-produziu o álbum "Yes Please" da banda Happy Mondays, também trabalhou com a banda Gorillaz. Entrou para o Rock And Roll Hall of Fame em 2002 com o Talking Heads. Nas palavras de seu marido Chris Frantz: "Eu acho que Tina será lembrada como alguém que realmente mudou o modo como a parte do baixo pode ser tocada. Às vezes suas linhas de baixo são funky, às vezes elas são mais "clássicas" em sua estrutura melódica. É um talento que ela tem. Eu acho que as pessoas vão se lembrar disso num futuro distante."

Tina Weymouth Tribute Film

#Pop #Rock #Fusion #Jazz #Mulheresbaixistas

2.232 visualizações

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page